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terça-feira, 27 de novembro de 2007

A Arte de Sedução 1


From Holly
Meninas,
Como é difícil reconhecer as virtudes dos nossos parceiros, Somos tão preocupados em enxergar as virtudes dos outros casais que esquecemos de desfrutar com a máxima expressão os pontos de convergências preciosos e às vezes únicos que nos unem. Veja se não é verdade. Sabemos e proclamamos que ninguém é perfeito mas pretendemos essa perfeição nos outros.
Ainda mais hoje que não só os sentimentos, mas todo o estilo comportamental humano está sendo quotidianamente redimensionado, muitos dos nossos antigos comportamentos e sentimentos não encontram mais espaço na era em que vivemos, não adianta insistirmos em mantê-los aqui e alí, em procurarmos um buraquinho pra enfiar dentro. Nós, "garotas" de meia idade, somos quem mais sente na pele essa "transfusão". Devemos fazer as contas com o nosso passado cheio de tradições, tabús e cinderelismos e em contra-corrente, aceitarmos os atuais conceitos do novo manual pra a sobrevivência, que comportam o derramamento de toda uma base alicerçada em fatores hoje fora de uso, tudo isso sem direito a traumas ou crises existenciais se não quisermos ser taxadas de paranóicas inadequadas. Parece um absurdo dizer essas coisas a nós mesmas (porque digo pra mim também) sabendo que sempre fomos abertas às novas tendências, mas às vezas, as mudanças chegam tão velozes e sutís que se não pararmos pra dar espaço à passagem, elas de qualquer forma passam e nós nem percebemos. Se não tivermos uma percepção aguda, e tempo bastante pra muitas reflexões, corremos o risco de não encontrarmos nunca as respostas pra certos enígmas que até pouco tempo atràs eram tão fáceis de serem decifrados...
Hoje a sociedade está voltada para o bem estar individual, o prazer de "ser" no lugar de "mostrar que é". Sempre com mais frequência as pessoas adquirem bens pra satisfazerem-se como seres individuais, é o mecanismo da auto-sedução: não fazemos as coisas pra uma platéia social como até pouco tempo atrás mas pra nós mesmos. (Pode se consolar, Samantha, você está dentro do format da mulher moderna) Nunca como agora, as pessoas (homens e mulheres) querem estar mais em forma, querem melhorar a sua imagem, querem se olhar no espelho e dizer: me gosto, e esse "egoismo santo" repercute muito na vida de um casal, estou dizendo isso, porque sei que, principalmente aí no Brasil, a mulher é muito depreciada porque prevalece a cultura do favoritismo masculino por motivos óbvios específicos de países onde o número predominante de mulheres condiciona uma supervalorização masculina; e a mulher deve ser a mais instruída, a mais madura, a mais gostosa a mais sensata a mais... tudo, pra agradar um homem que de todos esses "mais" 'non se ne frega un bel niente’ ( não tem a menor necessidade, em palavras boas) mas em outros países hoje, se nota uma inversão total dessa tendência, por sorte. O relacionamento a dois assume uma performance muito diferente e a forma como a mulher encara o relacionamento de casal é muito mais frisante e desconexada, por isso muito menos sofrida. Aqui na Itália, por exemplo, elas dizem: "eu aprendi a bastar-me" quer dizer, me basta eu, o que vem depois é lucro. As pessoas mais maduras, têm dificuldade em aceitar esse perfil de mulher moderna, " ...seria melhor, abraçadinhos na beira da praia olhando a lua cheia, trocando beijinhos, depois... ah, depois... chegando em casa, um sofazinho-cama, na sala, um banheirinho com cortina de plástico, papelão na janela pra o sol não teincomodar pela manhã..., isso sim é que era vida!" Amor em uma cabana hoje? Never!
Hoje o romantismo é muito segundo plano, o ponto mais forte do casal hoje é o interesse (não necessariamente material), a cumplicidade, a capacidade mental, o humorismo, a alegria, a capacidade de saber fazer rir, o estar-bem, independente de um amor roxo. Esses ingredientes, por incrível que pareça, estão sendo o ponto de partida pra que um casal se diga "sim" e está substituindo o antigo "xodó" que agradava tanto as mulheres antigas, como: atenção total, jamais sair sozinho com os amigos, não ter olhos pra mais ninguém, flores a cada data ou evento importante etc... as menininhas de hoje pouco se ligam nisso, e acho justo, visto que, com a mesma facilidade que se junta, hoje se separa, porque alimentar sentimentos que mais cedo ou mais tarde poderão arrancar um pedaço de você? É uma coisa dramática? Não creio. No amor, é importante viver e desfrutar o presente, se vc. não vive o aqui e agora, corre o risco de encontrar o futuro sem uma alma, ou seja vazio.
Eu também, há muito tempo, deixei de me ligar nesse tipo de relacionamento meloso, (apesar de ser madura). E acho que o relacionamento se torna mais sólido quando não existe a pretensão de um algemar o outro, seja físico que mentalmente, às vezes querendo até controlar os pensamentos um do outro, é horrível. Com a falta dessa pretensão cada um se acha livre de pensar e agir. Próprio por possuir essa liberdade, nã se há o interesse obssessivo em usufrui cada faceta da liberdade a todo custo, entende? É muito cabeça mesmo. Nem todos, sei perfeitamente, conseguem ter essa racionalidade. Precisa se sentir em perfeita harmonia consigo mesmo e ter convicção do próprio valor pra saber se dar e receber dentro desse contexto. Hoje por exemplo, se comemora o dia das mulheres. Aqui é legal. Os bares, barzinhos e restaurantes se preparam pra receber só mulheres, casadas, viúvas, solteiras, novas e velhas, sem limites de idade, É fantástico. No ano passado eu fui jantar com algumas amigas e vizinhas; tinha de tudo. Do pãozinho em forma de pênis a strip tease de homens (cada gato!) música, dança, e no final sorteio pra ver quem levava pra casa o pênis maior (em forma de pão, obviamente) nos divertimos pra valer. E os homens ficam em casa cuidando dos filhos ou, quem não os tem, olhando tv, tá? Danny não é muito de data fixada pra dar presente, pelo contrario, ele escolhe sempre o dia que não tem nada pra se comemorar, pra poder me dar alguma coisa, porém nesse dia, todos os anos me traz "mimosas" que são flores amarelinhas, símbolo do dia das mulheres. Hoje eu esperava as benditas flores e ele me surpreendeu com um kilo de mozzarella de búfalo, que adoro, qual seria o melhor? A mozzarella, óbvio. E eu, se como esse é o mês em que nos casamos, peguei a minha foto quando era bebê, nua sentadinha em cima de uma almofada, e um pouco feinha, e a dele também, mais ou menos da minha idade (4 a 6 meses) nu, sentado igualmente em uma almofada, chorando, um bebê lindo. Mandei ampliar e coloquei as duas em uma moldura e pendurei em nosso quarto. Ele ficou todo babaca.
Bem garotas, me respondam com calma, mesmo que demorem. Samantha, não corrija só Ly, não. Eu acho que estou bem pior do que ela com meu italianês, pode me corrigir também.
Beijos
Holly 08-03-04
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From: Samantha
Meninas,
Holly. adorei, adorei, adorei, seu e-mail. Muita coisa interessante para refletir e pensar, justo nesse Dia dito das mulheres. Mas vou responde com calma, estou atarefada hoje, no corre-corre atrás de desmentir denúncias na imprensa contra os politicos . Rapaz, o negócio aqui é brabíssimo . Muito brabo. Muito tenso, muito carregado. Depois conto, beijos
Samantha 9-3-04

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