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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Consolo de Holly

From: Holly
É gente. Não é a morte que muitas vezes nos pega de surpresa, mas é a vida que nos trai. Nos ilude fazendo crer que está sempre do nosso lado, e assim nos esquecemos que a morte está sempre presente e, mais cedo ou mais tarde, tem a melhor sobre nós. E essa, infelizmente, é a maior certeza que todos nós temos, mesmo se nos esforçamos pra esquecer e levar a vida com serenidade. E é muito justo. Nunca fomos exercitados pra enfrentar perdas, no entanto, a vida é cheia delas. Mas nenhuma é comparada com a perda de um ente querido, e além do mais, alguém que havia uma vida inteira pra viver. É triste. Nesse momento de profundo sofrimento, infelizmente só temos duas alternativas a seguir: mergulharmos nessa dor e personalizá-la dentro de nós, sob forma crônica de raiva, rancor, questionamentos de se é justo ou não, e dar a culpa a Deus e achar que Ele poderia ter evitado; ou então, afrontar o sofrimento e cada etapa que ele representa, vivenciando a dor em profundidade até o exaurimento, sem usar estratégias pra evitá-la, ou querer negá-la. É a saída mais dolorosa porém é a mais eficaz. Porque se não expressarmos ao máximo esse doloroso momento, corremos o risco de nutri-lo dentro de nós como uma bola de neve negra que poderá crescer e "corroer" nosso espírito. E dessa forma nos tornarmos sempre mais vulneráveis ao sofrimento físico e espiritual. Quando uma forte dor bate à nossa porta, é necessário conhecê-la de forma direta e em profundidade. Se a ignorarmos ou usarmos paliativos, nos sentiremos despreparados pra enfrentar novas perdas. É como na guerra. Conhecendo melhor a capacidade militar e o potencial bélico do inimigo, temos maior chance de afrontà-lo e combatê-lo com maior eficácia. Podemos nos medirmos com o nosso sentimento de dor e de perda. Cada pessoa tem uma capacidade e uma forma de expressar a intensidade da dor. Sei que Petter deve estar provando algo que jamais provou na sua vida. Nesse momento, Tess, seja forte, ajude ele a elaborar esse processo, de formas a não carregar eternamente a dor, ajudando-o desenvolver recursos próprios pra superar a falta do irmão. Nesse momento vc é a pessoa chave pra encurtar o percurso da dor dele. Sei que não é facil, mas é necessario. A vida continua e é necessário que cada um de nós aprendamos a desenvolver a capacidade de enfrentar momentos difíceis e de nos ajustarmos às situações de perdas que certamente acontecerão nas nossas vidas. O consolo pra a família, nesse momento, é que a distância física não é um fator determinante que romperá os laços afetivos. Despedir-se, não é por fim a uma história mas depositá-la no recepiente das lembranças boas. Nós que somos cristãos, sabemos que, acima da dor da perda, temos o regozijo de saber que existe um lugar preparado pra cada um de nós e a partida dele foi somente antecipada à dos outros membros da familia e que um dia se reunirão pra sempre. O restabelecimento emocional é importante pra prosseguir adiante. Devem pensar nas pessoas que ficaram e precisam muito de vcs, revestindo, através delas, o amor e a esperança. Acho que se amamos a pessoa que perdemos, devemos esforçar-nos o máximo pra exaurir o desejo deles. A maneira melhor pra conservar a memória da pessoa amada é procurar realizar os seus desejos e creio que o desejo dele seria ver os seus caros, com uma mente calma e resserenada.
Estou com vcs.
Holly 21-03-05

From: Ly
Gente,
Eu não tô conseguindo trabalhar, este fato me mobilizou pra caramba, não sei se estou muito sensível ou se realmente não transo bem a morte.
Meu problema é que tomo a dor dos outros, eu vivo a dor da mãe, do morto, do pai, de Petter e por ai vai. É uma coisa meio maluca, mas meu coração fica tão despedaçado que entro na dor do outro. Já trabalhei isso quando fazia terapia, mas sempre voltam, quando sinto uma morte tão próxima.
Não ando muito legal ultimamente, acho que contribuiu.
Sabe o que tá dando vontade de fazer?? De ir pra casa, fechar as cortinas e chorar, chorar, até......
Acho que vou embora mais cedo, o show do lenny kravitz será pertinho lá de casa, imaginem o congestionamento que irei enfrentar. A cidade inteira tá mobilizada pra isso. Aqui no RJ, absolutamente tudo é motivo pra engarrafamento, vcs sabem que passo 2,30 pra chegar aqui no trabalho? e 2 horas pra voltar? Fala sério, gente, é muita doideira.
Vcs sabem que adoro dirigir, mas últimamente tenho corrido do volante tudo o que posso, meu pé fica doendo de ficar na embreagem, e o pior é que vc não pode nem xingar, pois aqui o marginal convive muito de perto com vc, logo vc não sabe se o cidadão que vc vai dirigir palavras de "desabafos" é um marginal e vai, com a maior frieza, te dar um tiro e sair caminhando livremente. Vc convive com bandidos, em qualquer lugar, é muita, muita doideira. Só Jesus pra frear minha língua, mas tô pianinho, aumento o som, tenho ouvido muitas rádios evangélicas, e canto e danço loucamente.
Bel coisas de uma cidade de 6.500 milhões de habitantes.
Bjs, Ly 21-3-05

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